quarta-feira, 28 de julho de 2010

Um dia daqueles...

Hoje passsei a maior parte do dia chata, quase desistindo de tudo, pois já não sei mais se tenho as forças para terminar a caminhada. Pés inchados, calor, desânimo e medo de estar sozinha, pois minha amiga vai voltar para Lisboa, isso aí, ela está voltando por problemas de saúde. De repente senti-me sozinha, e essa é a sensação que mais temo na vida, então comecei a procurar desculpas para desistir. Nao quero mais essa aventura, mas dentro de mim havia algo que dizia assim: Se conseguires ir adiante por si mesma será uma etapa vencida, o medo da solidão será vencido, e entre esses e outros pensamentos decidi a continuar e ver o que daria.
Saí de manhã com lágrimas nos olhos vendo a minha amiga se desmanchar em prantos e dizendo que iríamos continuar em 2012 daquele ponto onde paramos...marramos ali um elo...em 2012 voltaremos a caminhar juntas de Caldas de Del Rei. Dissé à ela que vimos e passamos muitos peregrinos, então com certeza eu encontraria alguém para fazer-me companhia.Saí com medo atrás de umas pessoas que já havia visto aqui e acolá sem dar muita atenção à elas, no entanto tinha a Ruth ao meu redor. De repente tudo estava mal...pés doendo , mochila pesada demais, sol irritante e a água quente, incrível que a mochila estava muito mais pesada que outros dias, apesar de ter despachado a maior parte das coisas para cidade seguinte, mesmo assim parecia que tinha chumbo na minha mochila.A crise voltou. Parei , chorei e pensei em voltar.
De repente sentei-me e eis que para um senhor ao meu lado muito tranquilo, aquele tipo que dá medo na gente quando se vê pela primeira vez. Tem um ar severo , mas é um anjo.Senta-se ao meu lado e pergunta se meus pés estavam melhor. Como ele sabe dos meus pés? penso eu...então na curiosidade perguntei -lhe como ele sabia que meus pés doiam? Ele simplismente riu e disse que somos cegos a maior parte do caminho quando estamos acompanhados .Falou de minha amiga e disse que isso acontecia mesmo muitas vezes ...que não estava na hora dela descobrir ainda o que procurava.Disse -me que eu e minha amiga não olhávamos para os lados e os que estão só sempre prestam atenção ao que acontece á sua volta. Chegou a perguntar -me o que eu achava do rapaz que perdeu as malas quando foi descansar ao pé da cachoeira onde nós nos divertíamos muito? Se nós participamos na arrecadaçao do sustento dele? Eu envergonhada disse que não, pois é , nada aprendemos se não olharmos a vida no paralelo foi sua resposta.Depois olhou pra mim sorrindo e disse, não se preocupe que não chegarás sozinha em Santiago.Aqui somos uma grande família pense nisso e não desista.Assim fomos conversando sobre tudo e quando percebi já havia cumprido o trajeto do dia.Desse ponto em diante tornamos nos inseparáveis, às vezes ao meu lado, às vezes uns passos em minha frente calado ou atrás , eu com meus pensamentos não sentia mais a solidão. Senhor Manolo , esse era o nome dele, sempre fazia esse caminho com sua esposa, mas esse ano resolveu caminhar sozinho, pois segundo ele, estava a precisar de achar seu paralelo que ele tem deixado de lado. Por que fazemos isso? às vezes nós sentimos que um amigo está a precisar de algo , talvez somente de uma conversa amiga, mas adiamos a ligacão para amanhã, por que fazemos isso? por QUE SEMPRE O PARALELO fala mais alto? Temos que olhar ao nosso redor e ver o que pode ser feito hoje e nao deixar para amanhã. `fácil falar e pensar o difícil é viver assim...

Nenhum comentário:

Postar um comentário